Quando o ator Marcos Palmeira comprou a propriedade Vale das Palmeiras, em Teresópolis, na serra fluminense, há 14 anos, a intenção era apenas a de se tornar agricultor. Na época, ele foi movido pelas lembranças da infância, passada na fazenda de cacau dos avós no sul da Bahia. O tempo fez com que Marcos pegasse gosto pela terra e decidisse transformar o cultivo de hortaliças em processo orgânico, que dispensa a aplicação de agrotóxicos. A partir daí, o ator se tornou um entusiasta do movimento que cresce cerca de 20% ao ano em todo o mundo, e começa a enfrentar o desafio de ter escala para atender o consumo. Há quatro anos, deu um passo adiante e envolveu-se num projeto ainda mais ambicioso, em parceria com o senegalês Aly Ndiayl, engenheiro agrônomo da fazenda.
Aly queria desenvolver há tempos uma tecnologia que atendesse a pequenas propriedades. Seu sonho acabou se concretizando através do Pais - Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, que se baseia num princípio simples: consorciar o plantio de hortaliças à criação de galinhas. Os cultivos são feitos em canteiros circulares que medem 1,20 metro de diâmetro. O projeto prevê a construção mínima de três canteiros em cada propriedade, mantendo-se uma distância de 50 centímetros entre eles para facilitar a colheita e os tratos culturais. O sistema é irrigado por gotejamento, com água que vem por gravidade de um reservatório situado 4 metros acima da horta. Os canteiros circundam um galinheiro com raio de 5 metros. Ali é possível criar até cem aves, que ainda contam com duas áreas de 200 metros quadrados para ciscar durante o dia. O esterco vai para a compostagem que servirá de adubo para os plantios.
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O Pais já foi implementado em 4 mil propriedades de 16 estados brasileiros, e conta com financiamento do Sebrae e da Fundação do Banco do Brasil, entre outros órgãos. O custo de cada projeto é avaliado em 5 mil reais, mas o produtor não paga por sua implantação. Em contrapartida, assume o compromisso de manter o sistema apenas com o cultivo agroecológico.
Marcos Palmeira e Aly Ndiayl estão orgulhosos com os resultados dessa tecnologia. Em alguns lugares, as hortaliças são comercializadas em feiras locais, rendendo a um bom produtor cerca de 1.500 reais por mês. Os idealizadores do projeto têm percorrido o país para divulgar o sistema de cultivo, cabendo a Aly realizar o treinamento dos técnicos locais. Além de difundir a técnica, a dupla também quer demonstrar que a agricultura pode ser parceira do meio ambiente.

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