“É o primeiro experimento desse tipo no Brasil”, diz a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora do projeto, Raquel Ghini. Nos próximos quatro anos será realizado um estudo nacional liderado pela Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, São Paulo, que vai avaliar o impacto das mudanças climáticas globais sobre problemas fitossanitários, como pragas provocadas por insetos, doenças, como fungos e bactérias e plantas daninhas.
Uma das etapas do projeto é a instalação de um experimento do tipo FACE – Free-Air Carbon Dioxide Enrichment – com foco nos efeitos do aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera. No mundo, existem aproximadamente 20 FACEs. “Queremos criar condições em campo que simulem a atmosfera futura, com concentrações maiores de gás carbônico que as atuais. Sabemos que o gás favorece o desenvolvimento da planta, mas pode favorecer também o desenvolvimento de pragas e doenças”, explica a pesquisadora Raquel Ghini.
Outro ponto a ser avaliado é o aumento da temperatura, pois ainda há muita informação que necessita ser obtida para evitar danos nas lavouras. Além disso, também será estudado o aumento da incidência de raios ultravioleta, que podem matar micro-organismos importantes para plantas de certas lavouras. Por fim, serão elaborados mapas com cenários futuros.
“O projeto vai direcionar novas pesquisas. O impacto das mudanças climáticas não é apenas ambiental, é econômico e social”, enfatiza Raquel. “Com alterações da temperatura, daqui a 10 anos poderemos ter doenças que antes não atacavam algumas culturas. Por exemplo, ao observar mapas de distribuição de doenças em relação ao clima atual e fazer um trabalho de simulação, percebemos que a sigatoka-negra, doença que afeta as bananeiras, vai migrar para o Sul onde, teoricamente, a temperatura vai aumentar”, diz a pesquisadora.
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