A estiagem na região Sul e o excesso de chuvas no Nordeste devem levar o Brasil a colher na safra 2008/2009 quase 10 milhões de toneladas de grãos a menos que no ciclo passado. O número é resultado do nono acompanhamento divulgado nesta segunda-feira (08/06) pela Conab - Companhia Nacional de Abastecimento.
A pesquisa mostra uma queda de 6,9% na colheita, saindo de 144,11 milhões de toneladas para 134,15 milhões de toneladas. Já a área plantada cresceu de 47,4 para 47,6 milhões de hectares.
Responsável por 39,89% da produção nacional, o Sul é a área mais prejudicada pelo clima, com diminuição de 10,2% da produção, estimada agora em 53,52 milhões de toneladas. No Centro-Oeste, a safra será de 48,04 milhões de toneladas, queda de 4,8%. No Sudeste, serão 16,77 milhões de toneladas, com redução de 3,8%. O Nordeste deve totalizar 11,95 milhões de toneladas, menos 4,9% e, na região Norte, serão 3,87 milhões de toneladas, diminuição de 4,3%.
Das 14 culturas avaliadas pela Conab, apenas o arroz registra crescimento. Com mais de 80% da colheita concluída, a produção do grão será de 12,74 milhões de toneladas, um recorde nacional. O melhor resultado até então foi registrado na temporada anterior, com 12,06 milhões de toneladas.
Já a produção de feijão se mantém estável em 3,52 milhões de toneladas. “Mesmo diante de todas as adversidades climáticas, o Brasil vai colher a segunda maior safra da história. Estamos mantendo um crescimento de mais de 60% nos últimos 10 anos”, diz o presidente da estatal, Wagner Rossi.
Segundo ele, a produção é suficiente para garantir o abastecimento interno e para manter aquecidas as exportações agrícolas do país. A cultura mais prejudicada pelo clima é o milho. A produção nacional do cereal deve cair de 58,65 milhões de toneladas para 49,88 milhões de toneladas, diminuição de 15%. Somente no Sul a safra do cereal será 6,13 milhões de toneladas menor que a anterior. Já no Nordeste, as chuvas frustraram as previsões de índices recordes de produtividade para estados como o Ceará. Ainda assim, a colheita do grão crescerá 6,8% na região, totalizando 4,69 milhões de toneladas.
As lavouras de soja também serão reduzidas em 4,8%, passando de 60,02 milhões de toneladas para 57,14 milhões de toneladas. O estado que mais sofreu com a queda foi o Paraná, que concluiu a colheita em 9,51 milhões de toneladas, queda de 20,1%.
A estatal projeta um volume recorde nas exportações de soja em grãos. Pela primeira vez, o país deve atingir a marca de 25 milhões de toneladas, cerca de 500 mil toneladas a mais que no ano passado. Outras 12,8 milhões de toneladas deixarão o país em forma de farelo. Já o mercado interno deve consumir 34,6 milhões de toneladas em grãos e 12 milhões de toneladas de farelo de soja.
O Brasil também exportará 8 milhões de toneladas de milho e outras 45 milhões de toneladas do cereal serão consumidas pela indústria nacional. Ao final da safra, o estoque será de 9,14 milhões de toneladas, segundo a Conab. Para realizar a pesquisa, a estatal enviou a campo 72 técnicos, entre os dias 18 e 22 de maio. Eles entrevistaram agricultores, agrônomos, cooperativas, secretarias de agricultura, órgãos de assistência técnica e extensão rural e agentes financeiros nos principais municípios produtores do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário