A uva é tratada com cuidado na Agropecuária Águia do Vale I, propriedade que fica a 50 quilômetros do centro da cidade de Petrolina, na margem pernambucana do Rio São Francisco. Assim que colocam os pés na propriedade, os visitantes são informados de que o local segue normas rigorosas de produção. Todos recebem um pequeno papel com 12 orientações, como proibição de fumar dentro da empresa e consumir bebidas e comidas na área de plantio. Parece exagero? Toda essa preocupação vem da necessidade de seguir regras para ter certificados que atestem a qualidade do produto final.
A certificação, que antes era apenas uma forma de garantia ao consumidor, passou a ser exigida pelo mercado, especialmente por compradores internacionais. “A certificação garante a venda”, diz o agrônomo Jackson Rosendo, dono da propriedade. Quando Jackson decidiu, em 2003, que ia plantar uva sem semente no Vale do São Francisco ele já sabia da importância da certificação. “O mercado já demonstrava mais interesse pelo produto com essa garantia, o que virou exigência em 2007”, conta.
Ele começou com um lote de 6,5 hectares, mas decidiu que desde o início iria preparar a propriedade de acordo com as normas das certificações. “Primeiro, a gente levou um susto. Eram 250 itens para seguir. Achava que não ia conseguir me adequar a todas as regras. Foi quando buscamos orientação do Sebrae aqui da região”, diz. Hoje já são 11 hectares plantados com as uvas sem semente Thompson e Festival e também com a uva Muscat, com semente.
A gestora do projeto "Arranjo Produtivo Local de Fruticultura Irrigada de Pernambuco", Edneide Libório, explica que uma certificação pode custar em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Com o programa Bônus Certificação, que prevê acesso a mecanismos como certificação de produto, o Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - e o Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia - conseguem reduzir esse custo para o produtor, que paga apenas 50% de um valor negociado com as certificadoras. “Hoje, com essa negociação, uma certificação inicial sai por R$ 2,5 mil e a manutenção anual fica em torno de R$ 1,5 mil. E o produtor paga metade desse valor”, explica Edneide.
As frutas do Vale do São Francisco ganharam notoriedade mundial não só por conta dos produtores que saíram em busca das certificações. Também a natureza é grande contribuidora. A região tem clima propício e terras com potencial para o desenvolvimento da agricultura irrigada. O investimento público é outro aliado. Por meio da Codevasf - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paraíba - ligada ao Ministério da Integração, tem sido criada e aprimorada infra-estrutura para a irrigação das lavouras com as águas do Rio São Francisco, o Velho Chico, que banha cinco Estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas).
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