06 outubro 2009

ONGs, indústrias e governo firmam parceria pelo desmatamento zero

A cena talvez fosse inusitada há dez anos. Diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, apresenta os convidados ao plenário, entre eles o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, e o presidente do JBS-Friboi, José Batista Júnior. Nesta segunda-feira (05/10), eles anunciaram junto com outros frigoríficos e supermercados uma parceria que elaborou critérios socioambientais visando “impedir que a floresta Amazônica continue a ser vítima da expansão da pecuária”. Estiveram presentes ainda na Fundação Getúlio Vargas, onde o evento foi realizado, em São Paulo, SP, representantes dos gigantes Marfrig e Bertin, do supermercados Wal Mart, além de executivos de bancos.

O diretor do Greenpeace afirmou que num momento de transformação, no qual o consumidor exige transparência sobre o produto que vai para a sua mesa, ONGs e indústrias estão traçando juntas metas para produzirem sem afetar a Amazônia, deixando de lado rusgas antigas. “A questão ambiental está ligada à sobrevivência econômica e nós temos que fazer a lição de casa”, diz Adário.

Entre as seis “lições de casa” estão o desmatamento zero, com os frigoríficos assumindo o compromisso de não mais aceitar fornecedores envolvidos em novos desmatamentos, a rejeição à invasão de terras indígenas, trabalhos escravos, grilagem e violência no campo. Prometem também incrementar o sistema de rastreabilidade. Gado e outros produtos bovinos só poderão ser fornecidos por fazendas ou grupos comprometidos com todo o currículo da boiada.

O governador Blairo Maggi firmou a parceria e concorda com a união para enfrentar os novos tempos. Ressalva, porém, que a questão ambiental não pode ser resolvida de afogadilho. “Vai demorar um pouco para chegarmos a um termo que seja bom para todos”, diz. Segundo Blairo, “não podemos esquecer que muita gente corajosa rumou para a Amazônia incentivada por subsídios na década de 70”. Mas o governador de Mato Grosso afirma que a partir de agora os fazendeiros devem seguir as normas ambientais e evitar o desmatamento. “O que está feito está feito. Agora é olhar para frente”, diz.

O presidente do JBS-Friboi, José Batista Júnior, ressalta que a preocupação de ONGs, indústria e governo deve ser a de mostrar ao mundo que o Brasil está preocupado com a sustentabilidade. Há cerca de três meses, o país esteve no centro das atenções devido às denúncias do avanço do desmate no bioma amazônico. Frigoríficos, então, deixaram de adquirir carne de fazendas acusadas de derrubar árvores.

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