23 abril 2011

Vendas de fertilizantes aumentam 12% no primeiro trimestre do ano

As vendas de fertilizantes cresceram quase 12% no primeiro trimestre deste ano. O número indica uma tendência de antecipação das compras nesta safra, mesmo com os preços mais altos. Alguns produtos subiram mais que 30% este mês em relação a abril de 2010.
Os dados são de um levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg). Os técnicos analisaram o aumento de produtos prontos, os chamados formulados, e das matérias-primas dos fertilizantes.
Só em GO, um dos maiores produtores de grãos do Brasil, a variação de preços ficou entre 15 e 18% da safra passada pra cá. Subiu muito o chamado MAP, o fertilizante a base de fosfato, bastante utilizado pelos produtores. A pesquisa mostra que em abril de 2010 a cotação do produto no mercado internacional era de US$ 469 a tonelada. Este mês já passou de US$ 640. Mais de 36% de aumento.
A adubação tem um peso grande nos custos das lavoras.
– O impacto dos fertilizantes na composição de custos das principais culturas da próxima safra será de 30%. Partindo para a relação de troca, o plantio da próxima da lavoura com uma possível alta dos fertilizantes da ordem de 10 a 15%, terá um impacto no custo total de 3 a 5% – afirma Pedro Arantes, analista da Faeg.
O impacto poderia ser maior ainda, não fosse o câmbio, já que boa parte das matérias-primas é importada. Os preços subiram, mas o dólar desvalorizado, de certa forma, freou este aumento. A analista de mercado Elizabeth Chagas diz que, além disso, o preço das commodities, em alta, está compensando o custo.
– O preço do fertilizante está mais caro. Para o mundo. Para o Brasil, especificamente não tanto. Por quê? Porque a gente tem uma moeda real forte e o dólar barato. Então se esse fertilizante fosse totalmente fabricado no Brasil, ele seria muito caro. Existe uma recuperação do preço do fertilizante, mas existe uma recuperação muito maior dos preços agrícolas – ressalta.
Há outro detalhe importante, segundo David Roquetti Filho, um dos diretores da associação que representa a indústria de fertilizantes.
– As empresas que produzem fertilizantes no Brasil têm custos em reais, e o real valorizado, o real aumentando, o real sendo valorizado aumenta os custos reais das empresas - explica o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
A indústria considera a alta dos preços dos fertilizantes agora como uma recuperação. O executivo compara os valores deste ano com os que foram praticados em 2008. A matéria prima do MAP, o fosfato, foi cotada a US$ 1,3 mil a tonelada naquela época. O dobro de agora. A uréia mais que isso. De US$ 370 toneladas hoje, para US$ 850, três anos atrás.
Entretanto, 2008 é considerado um ano atípico por causa da crise internacional. Uma comparação mais real seria com 2007, um ano antes da crise. E os preços de agora, diz David, se aproximam mais dos daquele período. A indústria justifica o aumento pela demanda mundial.
– O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, mas esse consumo representa 5,7% do consumo mundial. Então China, Índia e EUA, que são o primeiro, segundo e terceiro lugar respectivamente tem influência grande neste mercado.
Mesmo com preços em alta, há uma tendência de antecipação nas compras dos fertilizantes em todo o Brasil. Historicamente o maior volume de vendas acontece no segundo semestre do ano. De 2009 pra cá a indústria está percebendo uma mudança. Muitos produtores estão preferindo antecipar as compras. Os dados do primeiro trimestre deste ano levam a entender que nesta safra vai ser assim de novo.
De janeiro a março os produtores brasileiros compraram quase cinco milhões de toneladas de fertilizantes, 530 mil toneladas a mais que nos três primeiros meses do ano passado. Bom pra indústria, compravam os números, porque está melhor no campo, dizem os analistas.
– Cerca de 20% dos produtores goianos, principalmente sojicultores, já anteciparam a compra dos fertilizantes.  Até o mês de setembro os preços desses produtos estavam acomodados.  O preço da soja estava favorável para quem fez aquisição até o mês de fevereiro deste ano e, nesse caso, a relação de troca beneficiou quem fez a antecipação – ressalta Arantes.
– Essa relação de troca entre fertilizante e preço de commodities agrícola é muito favorável pro agricultor brasileiro e será mais favorável em 2011 a despeito de um dólar barato. Não há motivo nenhum para que nós nos preocupemos com a agricultura brasileira no cenário de 2011/2012, nesta próxima safra – complementa Elizabeth.

CANAL RURAL

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