26 março 2009

Preço real do algodão é o menor do histórico Cepea

O mercado interno de algodão em pluma vem sendo fortemente atingindo pela crise financeira mundial. O indicador Cepea/Esalq tem registrado os menores patamares em termos reais da série, iniciada em junho de 1996. Em termos nominais, o índice é o menor desde dezembro de 2005.

Entre 17 e 24 de março, o indicador Cepea/Esalq do algodão em pluma - 8 dias para pagamento - teve queda de 1%, fechando a R$ 1,1163 por libra-peso na terça-feira (24/03). No acumulado de março, o indicador já caiu 3,14%. De acordo com pesquisas do Cepea, os preços continuam recuando por conta da baixa demanda e da oferta por parte de produtores que necessitam “fazer caixa”.

Segundo a Secex - Secretaria de Comércio Exterior, em janeiro deste ano, as exportações da pluma totalizaram 46,2 mil toneladas, 22,9% a menos que em dezembro de 2008, e queda de 11,7% sobre janeiro de 2008. Em fevereiro de 2009, 44,2 mil toneladas da pluma foram embarcadas, volume 4,3% inferior ao de janeiro.

As vendas externas da cadeia têxtil, que apresentaram baixas entre novembro de 2008 e janeiro de 2009, se recuperaram ligeiramente em fevereiro deste ano, de acordo com a Secex. No caso das importações, tanto o volume quanto o valor estiveram menores nos últimos meses, contribuindo para diminuir o déficit da cadeia. De setembro de 2008 a fevereiro de 2009, o déficit da cadeia soma US$ 486,34 milhões, menor que os US$ 879,95 milhões dos seis meses anteriores (mar/08 a ago/08), mas ainda acima do observado entre setembro de 2007 e fevereiro de 08, de US$ 370,84 milhões.

Em valores, a balança comercial têxtil só é superavitária nas transações de fibras, que em fevereiro de 2009 representaram 44,7% do valor das exportações totais da cadeia.

Agentes consultados pelo Cepea afirmam que o cenário atual não é favorável nem a vendedores nem a compradores da cadeia têxtil, visto que as margens estão baixas e/ou negativas para os diversos segmentos.

Do lado agrícola, produtores precisam buscar melhor gerenciamento dos negócios e redução nos custos de produção através, por exemplo, de estratégias de compras e vendas coletivas. Paralelamente, produtores têm contado com o apoio do governo para manter a rentabilidade. Nesse último caso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou ajuda ao produtor na semana passada, por meio dos leilões de Pepro - o setor já esperava por esta intervenção, visto que o apoio já havia sido anunciado no Plano Agrícola 2008/09. Se isso ocorrer, será o quarto ano-safra seguido de apoio governamental ao setor.

Os recursos visam a equilibrar a receita com o preço mínimo governamental, atualmente em R$ 1,3487 por libra-peso. Espera-se que, novamente, mais de um milhão de toneladas sejam atreladas ao Pepro para vendas nos mercados interno e externo.

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