02 março 2009

Semana decisiva para a disputa do algodão entre Brasil e EUA

Representantes dos governos brasileiro e norte-americano, e da Organização Mundial do Comércio, terão reuniões nesta segunda-feira (02/03) e na quarta-feira (04/03), em Genebra. O objetivo é definir se os Estados Unidos cortarão a ajuda financeira dada a seus produtores de algodão, como determinado pela OMC, ou se o Brasil aplicará retaliações aos seu principal parceiro comercial.

Segundo fontes diplomáticas, caso não haja consenso quanto a um prazo para a alteração da política agrícola norte-americana e porcentuais de corte dos subsídios, devem ser negociadas as áreas para retaliação pelo descumprimento da decisão da OMC. Os produtores brasileiros de algodão preferem a primeira opção. “Para nós, o que é mais importante é uma retirada ou diminuição substancial dos subsídios”, frisa o presidente da Abrapa - Associação Brasileira de Produtores de Algodão, Haroldo Cunha. “Se os Estados Unidos, que são o maior exportador de algodão do mundo, não tivessem os subsídios que têm, haveria um espaço maior para aumento de preços e a gente estaria vendendo nosso algodão a um preço muito mais alto e com mais competitividade, talvez, que o próprio americano”, pondera. Ele estima que as exportações brasileiras de algodão poderiam crescer de 20% a 30% caso houvesse redução significativa dos subsídios norte-americanos. E uma das maiores conquistas poderia ser um aumento na participação no mercado chinês, maior importador de algodão do mundo.

Se os Estados Unidos se mantiverem irredutíveis, os produtores brasileiros esperam que o governo negocie uma compensação para a cadeia do algodão. Uma alternativa seria a redução das tarifas para a entrada de têxteis brasileiros nos Estados Unidos.

A concessão de subsídios aos produtores norte-americanos de algodão foi questionada com sucesso pelo governo brasileiro, no Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC, em 2003. O prazo para eliminação dos subsídios à exportação venceu em julho de 2005. Em setembro do mesmo ano, venceu o prazo para o fim do apoio financeiro à produção. Os Estados Unidos chegaram a suspender algumas linhas de crédito à exportação, mas mantiveram outros subsídios. Por considerar insuficientes as medidas adotadas pelo governo americano, em setembro de 2006 o Brasil acionou novamente a OMC e, no final de 2007, a instituição deu mais uma vez razão ao Brasil. Inconformado, o governo norte-americano recorreu ao Órgão de Apelação da OMC, que confirmou a decisão anterior em maio do ano passado.

Pr IO

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