10 maio 2009

Demora na liberação de crédito gera queda na produção de grãos

Especialistas e lideranças do setor rural justificam a queda de mais de 5% na produção de grãos do Brasil devido à demora na liberação do crédito para o plantio e à seca na região Sul. O setor alerta que se o crédito agrícola não chegar em tempo a retração na colheita pode se repetir.

Na atual safra, a área plantada cresceu 0,3% em relação à passada. São 47,5 milhões de hectares, segundo a Conab. Mas o crescimento da área de cultivo não foi suficiente para evitar uma queda na produção brasileira de grãos. O último levantamento, divulgado pelo governo, mostra que o volume de grãos produzidos de 2008 para 2009 caiu 5,2%, ou seja, 7,2 milhões de toneladas a menos do que na safra passada. Na opinião do consultor em agronegócio Ernani do Espírito Santo, a crise econômica e a falta de agilidade dos bancos contribuíram para o baixo desempenho.

– Os agricultores já vieram de uma safra de baixa produtividade, a safra 2007/2008. Nós temos a crise internacional, onde faltam recursos no mercado internacional financeiro, as tradings se retraíram e também, com o aumento da inadimplência nos bancos, os próprios bancos – além de demorarem mais para liberar os recursos – liberaram menos este ano e também aumentaram as exigências sobre o agricultor.

Para a bancada ruralista no Congresso, além da escassez de crédito, o clima não ajudou.

– A seca é um problema que afeta hoje Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Temos hoje, seguramente, mais de 300 municípios em situação de emergência. Claro que nós temos uma queda de safra agora. No final do ano passado, nós já havíamos prognosticado que já teria quebra de safra muito mais em função da secura de recursos do dinheiro que não saiu por parte das tradings que saíram fora do mercado – afirma o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS)

Especialistas em agronegócio afirmam que o plantio da próxima safra de grãos deve ser favorecido por melhores preços pagos aos produtores. No entanto, eles alertam: se o crédito agrícola atrasar, o problema, deste ano, pode se repetir.

– O que a gente espera também é que o governo, na sua política agrícola, venha rever as questões da liberação de créditos, principalmente garantias. Então nós temos muitos produtores com garantias presas – afirma o gerente de mercado da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Evandro Ninaut.

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