Pesquisadores fazem testes de hidroponia com água salobra no sertão pernambucano

A pesquisa é muito importante como fator de aproveitamento da água salobra, quem em tese, não pode ser usada para irrigação porque provoca a salinidade dos solos. Para evitar que isso aconteça o Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE), com apoio financeiro do CT Hidro/CNPq, está desenvolve experimentos inovadores contrastando cultivos em hidroponia e em solo no Sertão do Moxotó.

A pesquisa é realizada numa unidade recém-implantada na comunidade de Poço do Boi, no município de Ibimirim. Os estudos são conduzidos, sob as mesmas condições de contorno, em ambiente protegido, em 48 parcelas experimentais que individualmente simulam a técnica hidropônica NFT (Nutrient Technique Film) com uso de água salina. Os primeiros resultados já foram alcançados, reforçando a hipótese de que a tolerância das plantas à salinidade é maior em hidroponia.

O coordenador da pesquisa, professor Enio Farias, revela que a eficiência do uso da água na hidroponia é reconhecidamente maior que no solo porque torna mínima a perda por evaporação. Além disso, a hidroponia, em hipótese, poderia aumentar a tolerância das culturas à salinidade. “Essa característica permitiria o uso de águas salobras e, como benefício extra, incrementaria a proteção ambiental. Em hidroponia, a própria estrutura funciona como sistema de drenagem, o que faz com que os sais acumulados ao final do processo produtivo sejam facilmente dirigidos para fora do sistema”, destaca.

A grande vantagem do novo sistema, segundo o professor Enio Farias, é que o aproveitamento racional de águas salobras deve beneficiar muitas áreas sertanejas. O professor explica que “a possibilidade de exploração de águas subterrâneas salobras com reduzido impacto ambiental permitiria trazer inúmeras famílias do Semi-Árido à atividade econômica da agricultura e também seria uma alternativa para destinação do rejeito da dessalinização por osmose-reversa, permitindo o aumento da adoção dessa outra tecnologia com sustentabilidade”, conclui.