10 outubro 2009

Caprinos e ovinos podem ser alimentados com plantas nativas forrageiras

A descoberta é dos pesquisadores da Embrapa Semiárido que identificaram plantas com qualidades muito procuradas por agricultores familiares do sertão, áreas dependentes de chuva do Nordeste. As plantas são resistentes à seca, possuem alto teor de proteína e produtividades elevadas.

As plantas foram apresentadas na Feira SemiáridoShow, esta semana, em Petrolina, interior de Pernambuco. Apesar de terem nomes estranhos como pornunça e pustumeira, as duas espécies estão entre as plantas recomendadas como forrageiras para uso em sistemas de criação caprina, ovina, bovina e pequenos animais, apresentam bons niveis nutricionais e são bem consumidas pelos animais. São características que tornam as duas “excelentes” reservas para períodos de estiagem e fazem crescer o interesse pelo cultivo comercial dessas plantas nativas da região.

De acordo com a engenheira agrônoma Alineáurea Florentino Silva, pesquisadora da Embrapa Semiárido, a pornunça é fruto de um cruzamento natural entre a mandioca e a maniçoba. Da primeira, adquiriu o formato das folhas e dos frutos. Da segunda, o caule, revela. O híbrido herdou as qualidades forrageiras e rusticidade das espécies que são bem adaptadas ao ambiente da caatinga.

Algumas características da nova planta superam as qualidades da cultivar que deu origem. É mais produtiva, retém as folhas por mais tempo no período da seca, além de, com volumes medianos de chuva, o agricultor que tenha a planta cultivada na sua roça pode dar até 3 cortes. O feno da pornunça tem, em média, 15% de proteína.

Em testes experimentais conduzidos em área de produtores, sem qualquer insumo químico em solo representativo do semiárido, o cultivo da pornunça alcançou produtividade na faixa de 40 t/ha, da parte aérea da planta. É uma quantidade bem acima da registrada com a parte aérea da maniçoba, 12 t/ha – que á a utilizada pelos pecuaristas no processamento de forragem. E também, da mandioca, que alcança 25 t/ha.

A pustumeira começou a ser pesquisada na Embrapa de forma casual. Segundo o pesquisador Francisco Pinheiro de Araújo, durante viagem a trabalho, a planta atraiu sua atenção por estar bastante verde, num solo pobre em nutrientes e praticamente sem água, e a vegetação em torno já estava completamente seca. Em conversas com agricultores da região, tomou conhecimento de que era uma das fontes de alimentos que os animais costumavam pastejar nos períodos de estiagem mais intensos.

Ao analisar as qualidades nutricionais da planta no Laboratório de Nutrição Animal outra surpresa boa para o pesquisador: a pustumeira possuía altos níveis de proteína nas folhas (22,6%) e no caule (13%). Além do mais ao ser distribuída como ração em testes experimentais na Embrapa constatou que era muito palatável e de fácil consumo pelos animais.

Hoje, Pinheiro já sabe que a planta, de ramos finos e tenros, tem grande potencial forrageiro para uso nos sistemas de produção pecuária do semiárido. Além de perene, tem uma rusticidade que confere alta resistência à seca. O cultivo da planta aumenta a capacidade de suporte dos animais nas propriedades, afirma Pinheiro. A pustumeira e a pornunça são plantas nativas da caatinga.

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