01 outubro 2009

Soja cresce 41% no Rio Grande do Sul e ganha terreno da pecuária

A paisagem rural do Rio Grande do Sul passou por uma transformação. A cena típica do gaúcho a cavalo tocando o gado no campo perdeu espaço para o ronco de tratores e colheitadeiras nas lavouras, mostra a comparação do Censo Agropecuário 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nessa quarta, dia 30, com o levantamento de 1995-1996.

O avanço dos grãos sobre a pecuária de corte é ilustrado pela perda de 2,3 milhões de hectares de pastagens nativas e queda de 2,1 milhões de cabeças de bovinos, retração de 15,4%, a maior do país. Na contramão, as lavouras temporárias se espalharam por mais 1,2 milhão de hectares, puxadas pela soja. A área da cultura cresceu 41%, para 3,4 milhões de hectares.

Segundo o analista de pecuária de corte da Safras & Mercado Paulo Molinari, a migração é explicada pela valorização maior dos grãos do que do boi em relação ao preço das terras. A pecuária tem ainda um ciclo longo, de pelo menos três anos, enquanto o das lavouras é de cerca de seis meses.

– No Estado, a situação da pecuária é pior porque não abriram novos frigoríficos, e o gado não tem padrão. A inexistência de uniformidade prejudica as exportações – diz Molinari, que aponta a região das Missões como uma das que a lavoura mais avançou.

O presidente da Federação da Agricultura (Farsul), Carlos Sperotto, vê na mudança uma alternativa ante a renda “não satisfatória” da pecuária.

– Mas já partimos para uma qualificação e padronização do rebanho. Isso se refletirá nos próximos anos – pondera Sperotto.

Para o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes do Estado, Zilmar Moussalle, o eucalipto também ganhou terreno da pecuária nos últimos anos. Ainda assim, a atividade leiteira teve em 2006 a maior produtividade do país, de 2.501 quilos ao ano por vaca.

O valor da produção da agropecuária gaúcha reforça a supremacia da lavoura. A cifra pulou de R$ 6,16 bilhões para R$ 16,4 bilhões. O número de tratores cresceu 2,7%, para 163.406 máquinas, e houve renovação da frota, diz o coordenador da pesquisa no Estado, Claudio Santanna. Em 1995-1996, apenas 13,3% tinham potência superior a cem cavalos (cv). Em 2006, eram 23,6%.

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