O desejo de que jovens recém-formados retornem para o campo com capacitação tecnológica é cada vez mais presente nas famílias que moram no interior do Rio Grande do Sul. Apesar de não haver números concretos que reforcem a retração do êxodo juvenil, aos poucos, essa expectativa se torna realidade. Segundo dados do censo do IBGE de 2010, 336 mil jovens de 15 a 29 anos moram na zona rural do Estado.
— A tecnologia se aproxima a passos largos da propriedade rural. E é neste contexto que a juventude entra e faz um bonito papel — diz a diretora de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag), Josiane Einloft, 29 anos.
São esses novos profissionais, complementa Josiane, que acreditam na atividade e querem implantar conhecimento, pesquisa e melhoramentos para o campo.
A opinião é compartilhada pelo presidente da Comissão Jovens Empresários Rurais da Federação da Agricultura do Estado, Luís Fernando Cavalheiro Pires, 23 anos. O jovem de São Luiz Gonzaga, explica que o agronegócio precisa do agricultor com sangue novo e muitas ideias:
— Ninguém mais quer ser visto como colono que fica na lavoura sofrendo.
Renda maior e diversidade
Exemplos não faltam. O apego pela terra fez com que os dois filhos do produtor Gaspar José Bonotto, de Lagoa Vermelha, no Norte do Rio Grande do Sul, cursassem Agronomia. Mais do que conhecimento específico para administrar as terras da família, Gregório, 28, e Gustavo Bonotto, 24, buscaram um diferencial para ter sucesso.
Durante o curso na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), porém, cada um seguiu um rumo diferente. Gregório voltou para o Norte do Rio Grande do Sul. O irmão faz mestrado, enquanto trabalha como engenheiro agrônomo da Emater. Os ideais, no entanto, seguem os mesmos: apostar no agronegócio como meio de sustento e de qualificação do produtor rural.
— Por meio do aprendizado na faculdade e da experiência da família no trabalho, vou planejando as atividades e fazendo as recomendações técnicas para o dia a dia — diz Gregório.
Do banco para a lavoura
Acostumado à rotina administrativa, há três meses, Douglas Salvador, 25, decidiu voltar às origens e abandonar a vida de bancário. Natural do município de Horizontina (RS), Salvador era acadêmico de Economia. Percebeu que o salário de assistente de negócios podia ser facilmente obtido com o trabalho no campo. Mas, com uma diferença crucial: sem chefe e horários fixos, ainda assim, com muita responsabilidade:
— Meu pai é agricultor. Depois de trabalhar na área administrativa por seis anos coloquei na ponta do lápis e percebi que o campo é o meu lugar.
A ideia de migrar da cidade para o campo foi planejada. Em abril, no sexto semestre de Economia na Faculdade de Horizontina (Fahor), Douglas se uniu ao irmão Maicon e resolveu cuidar das lavouras do pai.
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